Sugestão: ler ouvindo Volta por Cima, na versão da Elza Soares.
Reconhece a queda, mas não desanima!
Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!
First things first
Sim, eu sei que estou sumida e tenho conseguido cumprir poucas promessas por aqui.
Em minha defesa, abril tem sido um mês bizarro peculiar!
Finalmente minha demissão foi processada e eu iniciei formalmente meu sabático a partir do dia 1º, como contei aqui 👇🏻
Estava com muitas ideias sobre o que fazer, planos para compartilhar a experiência do sabático, focando nos aprendizados, dicas e sei lá mais o quê.
E aí que a vida, assim como a Terra, não é plana e ela não vira, ela capota! e duas situações se entrelaçaram de forma peculiar e complexa: a celebração (íntima) do meu legado no IX Fórum Regional de Empresas e Direitos Humanos da ONU e o apagamento abrupto dos meus 16 anos de trajetória no LinkedIn.
Uma piada metáfora pronta, quase um clichê, materializando o que venho tentando digerir emocionalmente há meses: o apagamento sistemático do meu trabalho e contribuições nos projetos que idealizei, construí e coloquei de pé com meu time.
Somado ao burnout, à sensação de ter me perdido de mim, improdutiva e com a cabeça, o corpo e o coração ainda lidando com o furacão que atropelou a minha vida e destruiu repentinamente todos os planos que eu vinha fazendo há anos, a sensação de estar desaparecendo aos poucos em uma névoa fina de esquecimento, tomou conta.
Apagamento Digital
Na volta do feriado (ontem, 21 de abril - obrigada Igreja Católica e Tiradentes!), descobri que meu perfil no LinkedIn havia sido hackeado. Em questão de minutos, deletaram centenas de publicações, meus artigos, histórico profissional, recomendações recebidas ao longo de 16 anos e minha história profissional literalmente pareceu esvanecer entre meus dedos.
Tudo perdido! É como se minha carreira nunca tivesse existido online (pequenino detalhe no mundo hoje em dia, nenom?!).
Demorei um dia inteiro para recuperar minha conta (leia-se ter acesso a ela!). E o conteúdo?
Em um e-mail automatizado, a resposta do LinkedIn foi basicamente um sonoro F0d@-s3.
Recuperamos sua conta, toma aí e começa do zero! Se vira, mana! Dá seus pulos!
Importante lembrar que é com o nosso conteúdo que as redes e plataformas fazem dinheiro, ne?! E aí na hora de proteger justamente o conteúdo que os alimenta.
Para piorar, há anos pago por um plano Premium (e mesmo que não pagasse, ne?!), tenho perfil verificado, com envio de documentos e selfie, feito por aquelas empresas parceiras deles e ainda assim fui vítima. Do golpista e da empresa.
Se isso acontecesse com uma marca, a resposta seria a mesma? Ou será que, para eles, usuários individuais são descartáveis?
É inaceitável que uma empresa que lucra — e muito! — com nossos dados e conteúdo não tenha:
1. Backups básicos para casos como esse;
2. Sistemas de segurança que detectem alterações suspeitas em tempo real;
3. Responsabilidade para reparar violações que afetam identidade, trabalho e memória — direitos humanos fundamentais.
Como um colega me lembrou: isso não é só uma falha técnica. É violação do direito à identidade, ao trabalho e à memória.
O Fórum: O Legado que Persiste (Apesar de Tudo)
Enquanto meu rastro digital era apagado, no Fórum, uma semana antes, eu via meu legado materializado, ao mesmo tempo em que me percebi desaparecendo. Sim, parece loucura, mas a vida nos ensina, se quisermos aprender, que legado é aquilo que segue adiante mesmo sem nós.
Legado é quando a alegria que você sente por saber que está dando certo é muito maior do que qualquer a tristeza.
E nos 3 dias de Fórum eu vi muito do meu legado.
Recebi abraços apertados e muito carinho. Me emocionei, matei saudades e encerrei um ciclo importante: o de permitir que eu me esqueça quem eu sou, e não só o que fiz, mas como fiz e porquê!
E, claro, o ponto alto foi o lançamento dos resultados do primeiro ano da Business and Human Rights Gap Analysis (BHRGA), uma das principais entregas da Aliança pelos Direitos Humanos e Empresas (ADHE).
Sonhamos e iniciamos a construir a ADHE no final de julho de 2023. Nada nesse projeto era (ou é) simples, muito pelo contrário!

Muita gente trabalhou duro, com dedicação e profissionalismo sonhando junto, este sonho de construir conexões potentes para a tomada de decisão e trocas de valor em um espaço que simboliza o que nunca podemos perder de vista: a importância do diálogo multistakeholder e da estratégia em rede.
Isso envolve saber ter conversas difíceis e encontrar pontos de convergência, por vezes mínimos, mas que podem ser o suficiente para se avançar em na disputa por um mundo melhor.
E, para se terem conversas difíceis, é preciso ter a coragem de sonhar grande e seguir em frente mesmo quando parece impossível.
A outra coisa essencial é rodear-se de gente excelente e acreditar que, se elas puderem operar no que elas tem de melhor, o resultado vem! E ele vem lindo ❤️
E nesse projeto/sonho/utopia/ não foi diferente!
Eu estava doente, de cama, no dia frio de agosto em que resolvi que lançaríamos a BHRGA logo no inicio do ano e que todas as pessoas que eu precisava e queria ao meu lado nesta empreitada já estavam ali.

A BHRGA foi para o mundo em abril de 2024.
Se você me acompanha aqui sabe que abril do ano passado eu estava no meio de um processo dolorosíssimo.
Vesti meu melhor sorriso e colocamos pra rodar essa entrega incrível.
No dia 10 de abril de 2025, exatamente um ano e uma vida depois da reunião que virou minha vida de cabeça para baixo e torceu, eu tive a alegria de assistir a Gabi, que sonhou a ADHE comigo desde o início e voltou ao Pacto para ficar à frente desse sonho, agora liderando toda a área brilhantemente, apresentar os resultados deste primeiro ano de ferramenta e os planos de futuro, alguns dos quais sonhamos juntas com tanto amor.
E não apenas isso, me emocionei muito a vendo fechar o evento que também trabalhamos tanto para ser no Brasil. Desde o convencimento inicial interno, ao leilão de brincadeira que fiz no lançamento da ADHE em Outubro, passando pela balada da paz mundial, estivemos juntas em todo o processo e ela, depois já sem mim, liderou tudo brilhantemente, mesmo em meio a crise após crise (que eu de certa forma, ajudei a explodir, embora evidentemente não seja culpada e ela sempre soube separar isso perfeitamente!).
Que ORGULHO! Que alegria ver tudo isso materializado apesar de todos os percalços.
Foi emocionante ver a pessoa certa para liderar tudo isso apresentando os resultados que construímos juntas. Um ano antes, eu estava no pior momento da minha vida, mas vesti meu melhor sorriso e entregamos.
Agora, mesmo sem meu nome visível, o trabalho segue.
E isso, para mim, é legado!
Nem tudo são flores
Ali onde eu chorei qualquer um chorava,
dar a volta por cima que eu dei, quero ver quem dava!
O samba cantado por Elza me acompanhou como um mantra a vida toda. E a parte mais importante dele, hoje eu vejo, é justamente reconhecer a queda! Assumir o fracasso! E sim, sacodir a poeira pode querer dizer ficar um pouco na lama entendendo do que ela é feita!
Significa lembrar-se que não há bem que sempre dure ou mal que nunca acabe.
A verdadeira volta por cima é compreender o processo de queda. É atribuirmos e assumir responsabilidades e se livrar da culpa e do ressentimento.
Isso sempre ajuda a aterrizar e a lidar melhor com a nossa própria desimportância, ao mesmo tempo em que celebramos vitórias ou catamos caquinhos para colar os pedacinhos do nosso coração.
Foi tudo muito emocionante, e, claro, regado a sentimentos contraditórios.
Foi bem intenso, poucos momentos desagradáveis e muitas boas surpresas nesta minha primeira vez de volta ao meu habitat no rolê dos direitos humanos e empresas (sim! isso existe!) em meses.
Voltei para Curitiba E X A U S T A!
Parecia que um trem com doze caminhões tinham passado por cima de mim.
Dormi quase ininterruptamente por dois dias e tive algumas crises de choro no meio do processo.
Despedir-se do que amamos é assim mesmo…
E aí que, retomando o texto para esta edição da News, em meio a esse apagamento literal da minha história profissional no “mundo online” me peguei, mais uma vez, orgulhosa dos meus passos e das minhas decisões!
Um filme passou na minha cabeça deste ultimo ano. E foi um filme lindo, com momentos tristes, mas um “final” feliz.
Um final que me abraçou e me acalantou em forma de legado, sonho e construção coletiva.
Os abraços apertados no Fórum, todos os "obrigada por ter começado isso" sussurrados, os casos concretos de mudança, as pessoas que me pararam sem me conhecerem para me agradecer pela coragem ou apenas para se solidarizarem, as que me contaram suas histórias e saíram lá do outro lado da sala para me apertar e estavam genuinamente felizes por me verem…
Nada disso cabe num banco de dados hackeado.
E talvez, esse ter que reescrever meu LinkedIn todo seja uma oportunidade de revisitar minha história com mais generosidade e amorosidade.
Realmente recomeçar!
A verdadeira volta por cima não é ignorar a queda, mas entendê-la. Assumir o que foi perdido (seja um perfil, um projeto ou um pedaço da autoestima), aprender com a lama e — principalmente — lembrar que nada some de verdade quando você faz algo que importa.
Alerta e Ação
Para vocês: façam backup regular do seu LinkedIn! (dicas de segurança em breve, cortesia da incrível Bárbara Libório.)
Para as empresas: responsabilidade não é opcional. Se lucram com nossos dados, protejam-nos.
Para mim: vou reconstruir meu perfil, mas não minha história. Ela está viva em quem toquei.
Porque, no fim, o que fica são nossas ações — não o algoritmo.
Biscoitos e lookinhos
sim, talvez esta newsletter seja apenas uma desculpa para eu me sentir bonita e gostosa
Diquinhas Com amor, Tay
ainda estou meio perdida com o uso do Chat aqui do Subs. Deixei umas mensagens lá.
deixei no Chat também lá as respostas com os nomes das mulheres que aparecem nos cards da News passada.
Memes que Curam Mais que Terapia
Bom, por hoje é só meu povo… sem lookinhos e diquinhas, mas elas voltam para seguir construindo a minha história!
Com amor, Tay ❤️
Ahhhh e se você chegou agora, confere aqui as edições passadas dessa cartinha que sai toda semana com o compilado do meu mundinho.