#7 Com amor, Tay ❤️"nem todo homem, mas sempre um homem"... será?!
Surto, Tretas e Biscoitos (Cafeínados)☕🔥🍪
sugestão: ler ouvindo Roar, na versão linda e acústica da Savannah Outen
Recentemente, a jornalista e escritora Vanessa Barbara participou do podcast "CPF na Nota?" na Rádio Novelo, onde revelou que descobriu uma rede de traições e abusos envolvendo seu então marido e amigos próximos, que incluíam comportamentos machistas e misoginia.
Rapidamente começou a circular um arquivo com as fotos dos envolvidos no grupo de e-mails e, ao que parece, são todos grandes nomes do meio literário brasileiro. Homens progressistas, ou que assim se declaram, e que podem - ou não - ter repensado suas atitudes nesses quase 15 anos (época em que os fatos relatados por Vanessa ocorreram).
André Conti reconheceu a manipulação e a misoginia de seu passado em uma nota em suas redes:
“Há catorze anos, cometi uma série de erros dolorosos que culminaram no fim de um casamento, episódio narrado agora num podcast. Tive quase quinze anos para refletir sobre o que aconteceu: as mentiras, a manipulação, a pequenez. Esse adultério, e a rede de mentiras que criei em torno dele, terminou por afetar a vida de dezenas de pessoas. Num grupo de e-mails, expus pessoas, traí amigos e colegas e inventei intrigas. Manipulei e coagi minha ex-esposa de forma machista e misógina. Depois de catorze anos, tenho uma vida diferente e me sinto uma pessoa diferente, mas sei que independentemente dos anos e do meu arrependimento, e desse e de qualquer texto, as cicatrizes que deixei seguem machucando. Peço desculpas mais uma vez a todos que envolvi, em primeiro lugar para a Vanessa e sua família”
Michel Laub (aquele que, há época dos fatos escreveu um romance muito aclamado, em que, basicamente fazia uma defesa, chamando a exposição de abusos de “cancelamento”)1, por sua vez, afirma que em 14 anos “muita coisa mudou”:
“Eu mesmo, o mundo, a forma como as relações de gênero são tratadas, a discussão sobre privacidade e uso de redes sociais. A partir da experiência de quase uma década e meia de cancelamentos, inclusive, houve uma evolução no debate sobre responsabilidade individual e proporcionalidade nos casos mais rumorosos que vêm à tona”.
Segundo reportagem da Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, Joca Reiners Terron, alegou que os envolvidos estão sendo vítimas de linchamento: “A obsessão pelo punitivismo precisa evoluir para uma argumentação lógica que nos conduza para além do atual maniqueísmo.” Emilio Fraia disse à matéria que pede desculpas à Barbara e deseja “aprender com os erros” e “escutar”.
O caldo entornou quando a atual esposa de André, fez um texto defendendo-o da forma mais misógina possível, desviando a responsabilidade dele e minimizando os abusos (que ele mesmo reconheceu!).
O assunto rendeu a semana toda, e aqui na minha cabecinha, também ocupou um espaço significativo nos últimos dias.
Também voltaram a aparecer memes, notas e cards nos feeds variados sobre a famosa máxima: “nem todo homem, mas sempre um homem”, assim como as discussões sobre as relações entre homens cis-hetero serem “homoafetivas” e as falas da pesquisadora rad que conclui sempre que “homens” estão fadados a invariavelmente reproduzirem este modelo de comportamento misógino, amparados no que ela chama de ‘broderagem’.
Outra discussão que foi levantada (em geral para atacar Vanessa) foi a da “monetização dos traumas”. Em outras palavras acusando-a de querer ganhar dinheiro às custas do “cancelamento” e “assassinato de reputações”, mas isso deixaremos para abordar em outro momento.
Bom, este texto é uma reflexão sobre o porquê estes argumentos são problemáticos, elaborando algumas provocações que considero importantes para o debate.
Tendo eu mesma estado envolvida em primeira pessoa em um caso de “assassinato de reputações” (assim chamam uma denuncia de assedio por dezenas de pessoas) durante todo o ano passado e sofrendo as consequências não apenas de ter vivido toda a violência (on top a todas as outras que já me marcaram como uma menina/mulher), mas de ser considerada por tantos “a responsável pelo dano irreversível à carreira de alguém que ASPAS ASPAS ASPAS fez TANTOOO”, isso me toca de diferentes formas.
Outros envolvidos, outro tipo de relacionamento, outra bolha, mesmo modus operandi.
Antes, alguns fatos:
Fato 1:
Vamos supor que uma denúncia coletiva de assédio organizacional em uma organização que deveria ser guardiã do tema no setor corporativo, tenha resultado na demissão por justa causa dos acusados: ninguém menos que o CEO da organização e um de seus principais diretores.
Digamos que esta denúncia tenha sido feita por 12 vítimas a diferentes canais e instituições, incluindo o Ministério Público do Trabalho, que depois do caso vir a público aumentaram, e que ela só cresceu deste jeito pois dezenas de outras tentativas de denúncia a canais internos tenham falhado miseravelmente.
Imaginem, neste cenário hipotético que, após a demissão, de novo, por justa causa, e uma manifestação do Ministério Público do Trabalho em que o Procurador responsável pela investigação da denúncia aponta que a própria organização reconheceu os abusos em sua manifestação:


Fato 2:
Agora, vamos supor que, dentre as diversas denúncias, tenha sido também relatado que, havia indícios de possível favorecimento e troca de favores entre os acusados e determinadas pessoas, lideranças, ONGs, agências e empresas. Não que se aponte o favorecimento como irrefutável, e sim o fato de que coincidentemente sempre que alguém apontava problemas em tais relações, esta pessoa passava a ser assediada, sofrer retaliações, em alguns casos, sendo demitida sem qualquer respaldo nas entregas.
E suponhamos também que, logo após a demissão por justa causa (a causa: assédio!) um dos acusados tenha assumido uma posição na diretoria de uma agência liderada por uma mulher, agência esta que, em seu site afirma que:
Desde 2015 nosso propósito é integrar os princípios ESG nos projetos desenvolvidos pelas empresas do ecossistema, desde que esses princípios estejam alinhados aos valores dos clientes.
E aí, seguindo neste exercício, esta mesma agência, onde agora o assediador é Diretor, ato contínuo à sua contratação, patrocinou um evento em Davos, por ocasião do Fórum Econômico Mundial, organizado justamente por uma das ONGs também apontada como beneficiária de favorecimento. Além disso, como debatedora no painel patrocinado vamos pensar que estivesse também a senhora do outro acusado (sim, a mesma do tal conflito de interesse que o relatório interno da organização apontou), e que todos pousaram para fotos felizes e contentes (quase todos, o CEO não se atreveu).
E vamos supor, ainda, que a dona e CEO desta agência teoricamente fictícia, a própria que contratou o demitido, tenha recebido ano passado um prêmio que: “visa reconhecer profissionais e lideranças empresariais que estão fazendo um trabalho de referência na promoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).”
E, por fim, para o nosso caso, imaginemos que este prêmio seja concedido e decidido justamente pela organização onde os dois acusados eram líderes (sendo o diretor o responsável direto pela área que organizava e definia os ganhadores do prêmio no Brasil) e da qual foram demitidos, não custa lembrar, por justa causa.
Com este cenário supostamente hipotético, o caso exposto pela Vanessa e toda a sua repercussão, bem como todos os outros casos que lhe vierem à cabeça, com um padrão similar, vamos ao que interessa.
Homens são de Marte, mulheres são…
Quando escrevi este artiguinho na rede profissional ao lado, refletindo sobre as armadilhas do conceito de patriarcado e da biologização do “feminino” e “masculino”, eu estava refletindo justamente sobre a romantização de ter mais mulheres em posição de poder de forma acrítica e me referia justamente ao perigo de justificar desigualdades atribuindo características fixas a homens e mulheres, sejam estas físicas, genéticas, energéticas ou comportamentais.
Mesmo quando usada de forma teoricamente "positiva", essa lógica cria estereótipos sobre profissões, habilidades emocionais e até a capacidade de liderança feminina, mascarando preconceitos sob um falso verniz científico.
Markito e suas recentes declarações estão aí para não me deixar mentir.
Qualquer sistema sexo-gênero está sempre intimamente ligado a fatores políticos e econômicos de cada sociedade e, portanto, sistematicamente ligados à desigualdade social e às práticas pessoais e da micropolítica da vida cotidiana das mulheres.
E aí entram as primeiras perguntas importantes:
de que “homens” estamos falando?
qual o lugar reservado, neste “debate” aos homens pretos, trans, gays, pobres, ou que não performam a tal masculinidade hegemônica?
qual a posição das “mulheres” (e que mulheres?) ao redor destes mesmos homens?
“Nem todo homem, mas sempre um homem”
A resposta mais misógina e antifeminista que circulou desde que essa história começou a circular, veio justamente de uma mulher. Sim, uma mulher que “ama” este homem que abusou e violentou outra (lembrando que ele mesmo reconhece isso!).
Mas isso não é tudo. O silêncio de muitas mulheres do meio literário foi absolutamente eloquente.
Alerta de SPOILER de Succession!!!
Quando saiu o último episódio de Succession, em que a herdeira Shiv Roy não se torna CEO, não faltaram análises atestando que “até mesmo a bilionária não escapa do patriarcado” e que “as escolhas dela no fim se limitavam a ser filha de CEO, irmã de CEO, esposa de CEO" e, bem, talvez mãe de CEO em algum momento.
Algumas outras análises expuseram como Shiv Roy acabou com o mito da #girlboss e que, no fundo, mulheres como ela não podem ser aliadas das mulheres trabalhadoras.
No real person involved | LinkedIn
Tanto os textos sobre a Shiv Roy, quanto o debate que viralizou sobre o caso exposto por Vanessa, lamentando que “mais uma vez o patriarcado venceu, colocando uma mulher contra a outra, e deixando os homens passarem ilesos”, nos dizem é que uma mulher nunca é agente e responsável por suas ações. Que mesmo bilionária, mesmo branca, mesmo “letrada”, autoproclamada feminista, mesmo fazendo escolhas eticamente abomináveis, no fim, ela “perde para o patriarcado” e é apenas “mais uma vítima deste sistema”.
E aí que, tanto para entender porque Shiv Roy não é uma “vítima do patriarcado”, quanto as mulheres que “defendem os homens que amam” e as que podem não fazer isso publicamente, mas silenciam e validam estes homens e estes abusos, dando-lhe abrigo, recomeços infinitos e invalidando (ainda que nos bastidores) a palavra das vítimas, quero primeiro apontar porque muitas de nós pesquisadoras nos estudos de gênero, não trabalhamos mais com a categoria patriarcado há pelo menos duas décadas.
A cumplicidade e conivência de tantas mulheres no caso de assédio do qual fomos vitimas, transformando uma denúncia solida, por exemplo, foi tratada por muitas como uma questão “pessoal”, e um “assassinato de reputação” e “vingança pessoal”.
Fica comigo, não vai ter bolo, mas prometo que vai ter conclusão e que, com sorte ela fará sentido!
O “patriarcado” não dá conta de explicar tudo… ou quase nada…
Conceito articulado especialmente pelas feministas radicais dos anos 70 e 80, a ideia por trás do patriarcado era a de mobilizar experiências comuns às mulheres em prol, principalmente, mas não apenas, das discussões sobre saúde e direitos reprodutivos, violência doméstica e a divisão sexual do trabalho.
Útil do ponto de vista da mobilização política, colocou sérios problemas que começaram a ser apontados por feministas como Scott, Rubin, Haraway, no início dos anos 90, sem falar das feministas negras como Angela Davis, bell hooks, Patricia Hill Collins, que, com outros termos, já vinham problematizando a “origem da opressão feminina” há muito mais tempo, inclusive denunciando o racismo dentro do movimento feminista.
Não quero, de maneira nenhuma, minimizar a importância que esses debates tiveram para distinguir e apontar forças específicas na manutenção do sexismo e na tentativa feminista de mostrar que a subordinação, longe de ser inevitável, é um fenômeno contingente e histórico: se o patriarcado teve um início, poderia ter um fim.
O patriarcado, enquanto conceito, foi essencial para mobilizações feministas, especialmente nas décadas de 70 e 80, focando em questões como violência doméstica, direitos reprodutivos e divisão sexual do trabalho. Porém, com o tempo, esse conceito foi esvaziado e perdeu suas nuances mais ricas. Feministas negras como Angela Davis e bell hooks já alertavam para limitações e racismo dentro do movimento feminista, mostrando que opressões não são universais, mas interseccionais.
Nomeando algo vago que se tornou sinônimo de dominação masculina, um sistema opressivo tratado, às vezes, quase como uma essência” (PISCITELLI, 2022).
Os sujeitos do patriarcado são corporificados e fixos e o imperativo que opera sobre eles é binário (macho vs fêmea), e é exatamente isso que o chamado feminismo de terceira onda vem desafiar: o caráter imutável do sexo refletindo de maneira acrítica, pautando importantes questões sobre os meios (e discursos) através dos quais sexo passou a ser considerado como “dado” e gênero como um reflexo (ou um eco) dessa anterioridade biológica através dos diversos discursos científicos que produziram essa dualidade.
Resumido (muito!), o problema com a ideia do patriarcado é que ele se revelou um conceito essencializante, na medida em que ancora a análise da dominação na diferença inata entre homens e mulheres, considerada como aspecto universal e invariável.
E, como quase todo conceito que cai no senso comum sem uma mobilização organizada por transformação política concreta, também o conceito de patriarcado com o decorrer do tempo foi esvaziado de suas substâncias mais interessantes para o avanço das análises e, mais importante, da luta por mais igualdade e direitos!
Vítimas, cúmplices ou agentes?

O problema, então, não é apenas reconhecer as estruturas que sustentam a opressão, mas entender que muitos, inclusive mulheres, são agentes ativos na sua manutenção. Como no caso de Shiv, e de tantas pessoas em posição de privilégio, as escolhas feitas para preservar esses sistemas perpetuam a desumanização de quem está à margem.
O ponto central é: quem tem direito de existir plenamente? Sim, porque o que está em jogo é a própria definição do que significa ser uma pessoa.
O que vemos frequentemente (e recentemente temos tido uma chuva de exemplos disso) é gente que corre "reconhecer privilégio" e instrumentaliza uma causa, mas que no dia a dia pouco (ou nada) faz. Ao contrário, segue se beneficiando individualmente das migalhas e espaços que seus aliados oferecem, em troca de seu silêncio, de sua defesa incondicional e tokenização.
É preciso olhar para feridas e corresponsabilidades!
Apenas ter mais mulheres "no topo" não é suficiente para uma sociedade mais justa: é necessário que se trabalhe consciência de gênero, raça e classe em quem irá liderar a mudança que desejamos ver no mundo.
Eu não quero “transformar a pirâmide”. A gente precisa é implodir esta pirâmide!!!
Não será com mais “Shivs” que mudaremos o mundo e nem com mais mulheres (ou qualquer outro grupo minorizado) ocupando um jogo feito para excluir as no real person que iremos quebrar a roda da opressão.
A ideia de "nenhuma pessoa real envolvida" (no real person involved) em Succession vai além do gênero: é sobre invisibilização e desumanização. É sobre o direito de viver com dignidade, ser reconhecido e protegido.
No frigir dos ovos, assim como tem sido ao longo de toda a história da humanidade, Shiv se une aos seus para defender os seus interesses, para preservar seu poder.
A cena final é um excelente epílogo de como ela faz isso - brilhantemente inclusive.
Não sem concessões, não sem dores e contradições internas, é claro. Há muitas tonalidades de falha de caráter entre a vítima e a vilã.
Sim, as estruturas e o contexto em que ela está inserida são misóginos, machistas, homofobicos e racistas e ela mesma é ora algoz, ora presa destes.
Shiv, como todas nós em nossas respectivas posições e gradações de vulnerabilidade, é agente de suas escolhas em diversos momentos e, embora se arrogue uma moralidade e consciência crítica (principalmente política) superior a de seus pares masculinos, é ela, no fim do dia, que convence uma vítima da empresa a não denunciar as violências vividas, que concilia com o fascismo para manter seu projeto de poder (que fracassa!), para passar para trás quem quer que seja que ela entenda como uma pedra no seu caminho de ser a líder poderosa que ela se sente destinada a ser.
E sim, ela poderia ter feito muitas escolhas diferentes.
Assim como a maioria de nós, mulheres brancas, de determinadas classes sociais e com conhecimento do tema (ao menos teórico) sobre desigualdades e justiça social, ela poderia e deveria fazer escolhas melhores e mais éticas.
Trazendo para cá uma citação que me arrepiou inteira na News da
, sobre o caso Neil Gaiman:O fato de uma das mais conhecidas “lideranças” do girl boss brasileiro, que premia “mulheres incríveis” todo ano, e é aclamada constantemente nas redes estava lá em Davos, com essa mesma galera celebrando a “igualdade” e os “avanços” é bastante emblemático.
Você ouviu um pio dela e de suas “mulheres incríveis” sobre as denúncias? Você leu alguma nota de solidariedade a essas mais de 12 vítimas por parte dessas grandes influências no tema?
Tratar toda e qualquer mulher como vítima, aliás, isso sim é o verdadeiro suco de misoginia que considera mulheres incapazes de fazerem escolhas por si mesmas e de arcarem com as consequências dessas.
Muitas de nós somos sim vítimas.
De abusos físicos, sexuais, psicológicos de toda ordem.
Colocar quem faz escolhas conscientes de posicionamento (ou não posicionamento), oportunismos e falhas de caráter no mesmo balaio, apenas por serem mulheres, é um desrespeito e uma contínua revitimização com quem, de fato, foi vítima destes homens e estruturas de poder e fez escolhas políticas e individuais muito diferentes, pagando por tempo incalculável o preço caro e cruel dessa escolha.
Tratar mulheres com condescendência não é feminismo, é tutela moral!
Feminismo é ferramenta de luta em prol de uma sociedade igualitária em que todas, todos e todes, sejam livres e agentes de duas vidas e desejos. É horizonte de emancipação e autonomia política, não de tutela moralista.
Errar faz parte do processo humano, especialmente quando se trata de comportamentos culturalmente e socialmente aceitos (e até incentivados).
A questão é: você reconhece o erro? Assume as consequências? Ou apenas busca justificativas que transferem a sua responsabilidade?
Mudar é um direito e um dever, mas a mudança precisa vir acompanhada de aprendizado genuíno, não de uma simples troca de narrativa para evitar consequências.
Ninguém precisa ser “santa” para ser vitima. A dignidade de uma pessoa não depende de ela atender às expectativas alheias. Não existe “vitima ideal”.
Da mesma forma, quem abusa geralmente não é um ser humano monstruoso ou “mau”. Isso só existe em contos de fada e filmes de super herói!
Que possamos encontrar nossas aliadas, aliados e aliades onde eles verdadeiramente estão e que saibamos reconhecer suas decisões intencionais e ações práticas em prol de um mundo mais justo e solidário.
Vale para o mundo literário, do esporte, familiar e sim, também corporativo!
Com amor, Tay ❤️
E, como diria Katy na música que abre a News desta semana:
I used to bite my tongue and hold my breath
Scared to rock the boat and make a mess
So I sat quietly, agreed politely
I guess that I forgot I had a choice
I let you push me past the breaking point
I stood for nothing, so I fell for everything
You held me down, but I got up
Already brushing off the dust
You hear my voice, you hear that sound?
Like thunder, gonna shake the ground
You held me down, but I got up
Get ready, ‘cause I've had enough
I see it all, I see it now
I got the eye of the tiger, a fighter
Dancing through the fire
'Cause I am a champion
And you're gonna hear me roar
Louder, louder than a lion
Se você chegou agora, confere aqui as edições passadas dessa cartinha que sai toda semana com o compilado do meu mundinho.
Um publicitário conta segredos por e-mail ao melhor amigo. Os textos falam de sexo e amor, casamento e traição, usando termos e piadas ofensivas que ajudam a reconstituir uma longa crise pessoal. Quando a ex-mulher do protagonista faz cópias das mensagens e as envia para meia dúzia de destinatários, tem início o escândalo que está no centro deste romance explosivo.
O fio condutor da história, que une o destino dos personagens diante de um tribunal inusitado, são os reflexos tardios e ainda hoje incômodos da epidemia da aids. Mas não estamos diante de uma mera “história de doença”. Transposta dos anos 1980, quando causou um genocídio, para os tempos atuais, em que virou uma condição crônica controlada por medicamentos, a antiga “peste gay” segue como motor simbólico de implicações culturais e morais — e continua assunto tabu no humor de uma época de ideias políticas radicalizadas.
Segundo uma das tantas resenhas, o “Autor com pleno domínio sobre sua linguagem e temas, Michel Laub percorre com coragem os delicados caminhos de O tribunal da quinta-feira. Numa dicção que brinca com jargões e clichês das mais diversas áreas — da medicina à pornografia, da autoajuda ao feminismo —, tem-se o aprimoramento da reflexão irônica e emocionada de seus dois livros anteriores, Diário da queda (2011) e A maçã envenenada (2013). O que está em jogo, mais uma vez, são os limites do que entendemos como tolerância. Para chegarmos a eles, contudo, é preciso ir além do que seria uma literatura palatável ou “correta” ao tratar de homofobia, assédio, violência. E também de empatia, desejo e liberdade.”
O livro ficou entre os finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura como melhor romance de 2017.
Serena Joy mandou um beijo pra quem pensa que toda mulher só pode ser vítima do patriarcado :)