sugestão: ler ouvindo
— esta semana foi uma semana boa! — me peguei dizendo para mim mesma não exatamente surpresa, mas contente.
ao observar meus sentimentos ao longo da semana, mais uma vez me dei conta do quanto era desgastante (sem eu que eu sequer percebesse) viver imersa em picos de adrenalina, euforia, como se estivesse sempre cheirada ou tomando algum hiperestimulante.
por muito tempo foi a esse combo de emoções que eu atribuí a minha definição de “felicidade”, provavelmente em oposição ao que dominou boa parte da primeira metade da minha vida: ansiedade, tristeza, medo, hipervigilância, solidão.
como já comentei na edição passada, enquanto me preparo para o retorno à vida profissional, me organizo também para as férias de julho (que começam oficialmente dia 07/07).
constatei com alegria que estou extremamente animada ao pensar em ambas. em equilibrar esses aspectos da minha vida com serenidade e boas expectativas, o que também não significa romantizar nenhuma das duas. estou mais do que ciente de que haverá perrengues!
sei que esta é uma fase. que terei semanas não tão boas, outras muito boas e algumas horríveis, mas entrar de forma mais consciente e intencional no fluxo da vida, compreendendo essa dança, em um movimento contínuo com diferentes ritmos, passos, batidas, tem permitido sentir-me mais leve, mais sã.
minha última recaída foi no começo de maio. e foi feia!!! eu vinha em uma crescente melhora que eu achei que seria um sinal de “cura” e aí desabei em autocomiseração. a viagem à coitadolândia foi de foguete. só conseguia pensar no quanto eu era um fracasso. com muito apoio dos meus afetos, especialmente do Rodrigo, o suporte da minha psicóloga e minha própria determinação em não me entregar, consegui voltar a um processo de melhora. um dos principais resultados dessa última vez foi parar de focar em uma “cura” e me permitir viver os bons momentos, os momentos blasés e até as fossas, de forma integral e no presente. um dia, uma semana, um mês após o outro.
e assim tenho vivido bem esse último mês e meio. ❤









ps: oficialmente no melhor inferno astral da minha vida (pelo menos por enquanto, abafa!!!), queria contar (ou lembrar) que dia 13 de julho é o meu aniversário e manifestações de carinho e celebração à minha vida (sim, canceriana, me deixem!) todo tipo e formato serão muito bem-vindas.
sobre as férias
pela primeira vez na vida tirarei o mês todinho de julho de férias.
serão 9 dias nós 3 viajando para um lugar que estou louca para conhecer e 20 dias somente eu e Cacá também viajando juntos.
é possível (na verdade provável), que a frequência por aqui caia bastante, mas uma coisa ou outra devo postar no instagram @_tayna_leite (se ainda não me segue, vai lá!) e vou levar meu diário para registrar as coisas também.
Diquinhas Com amor, Tay ❤
esse texto da
, além de lindo e gostoso de ler (como todos!) traz uma reflexão interessante, a partir de uma vivência individual que (como tudo!) extrapola para debates sobre gênero e cuidado que muitas vezes, no senso comum de um feminismo “mainstream” (aspas muito intencional, mas podemos debater sobre isso em outro momento!), acabam sendo obliterados. isto é: a ideia de cuidado interdependente como direito e dever universal. independência e autonomia absoluta são uma falácia alimentada e potencializada pelo neoliberalismo. E aí disso o feminismo liberal se nutre muito ne?! O feminismo revolucionário não almeja sermos menos cuidadas, ao contrário, todo mundo precisa aprender a cuidar e se deixar cuidar. como diria minha orientadora no doutorado abandonado (😭):
No debate sobre responsabilização e cuidado, a crítica à dualidade entre esfera pública e privada também é fundamental. Quando essa dualidade não é problematizada, as trajetórias dos indivíduos podem ser apresentadas como distintas e independentes das relações na vida privada e das formas cotidianas de interdependência. O “sucesso” ou o “fracasso” individual, assim como a configuração da vida familiar, podem ser apresentados como se fossem resultado de escolhas voluntárias, em vez de desdobramentos de uma série de injunções e do conjunto das alternativas disponíveis de fato. (BIROLI, 2018, p. 591).
entender que cuidado, como fundamento estruturante da sociedade é o caminho para a democracia plena passa também por reconhecermos nossas vulnerabilidades e as do outro.
O cuidado, conceitualmente, oferece uma ontologia diferente daquela que parte de atores racionais. Parte do pressuposto de que tudo existe em relação a outras coisas; é, portanto, relacional e assume que as pessoas, outros seres e o ambiente são interdependentes. A visão de mundo baseada no cuidado não trata de ‘corpos em movimento’ que colidem, nem das consequências imprevistas dessas colisões. Em vez disso, o cuidado parte da premissa de que as pessoas se tornam autônomas e capazes de agir por conta própria por meio de um processo complexo de crescimento, no qual são ao mesmo tempo interdependentes e transformadas ao viver. Elas podem ser mais ou menos atentas aos efeitos que causam nos outros e no mundo, embora as abordagens do cuidado tendam a ser mais — e não menos — atentas. (TRONTO, 2015, p. 32, tradução livre2)
estou maratonando o box que comprei da obra da Annie Ernaux e estou absolutamente embasbacada com essa escrita. ainda não terminei (estou no finalzinho dO Acontecimento, em que ela narra o abortou que fez aos 23 anos), mas queria já deixar aqui a dica de cronologia que estou usando, pois não é a mesma que vem na box e também não é a única, mas eu estou gostando de seguir.
se você quer acompanhar com análise crítica de qualidade o que anda acontecendo na geopolítica internacional, recomendo fortemente assinar o
e também acompanhá-lo no Notes onde ele complementa com comentários muito importantes. deixo aqui dois exemplos de textos essenciais:
esse post da
sensível e emocionante que nos convida a humanizar o que o mundo tem desumanizado e destruído literal e simbolicamente! Como foi bom ver imagens que tornam mais relevante ainda a defesa da humanidade. Não apenas a dos povos oprimidos, mas especialmente a nossa própria de não naturalizar o absurdo!
por hoje é só pipou, sem memes e muitas divagações, pois atrasada para a aula de twerk. deixo porém esse videozinho que fiz das últimas aulas, melhorando cada vez minhas habilidades de edição…
Com amor, Tay ❤️
Ahhhh e se você chegou agora, confere aqui a última edição dessa cartinha que sai toda semana (ou quase) com o compilado do meu mundinho.
Se você quiser ver mais fotos com textos e poemas de minha autoria falando de processos e metamorfoses, dá uma conferida no De quantas metamorfoses se faz uma vida?, meu projeto autoral de transformação pela arte.
BIROLI, Flavia. Cuidado e Responsabilidades. In: BIROLI, Flavia. Gênero e Desigualdades: limites da democracia no brasil. São Paulo: Boitempo, 2018. p. 52-88. Edição do Kindle
TRONTO, Joan. Who cares? How to reshape a democratic politics? Ithaca, NY, Cornell University Press, 2015. Kindle Edition
Fico boba como nossos diálogos são enriquecedores ❤️ sorte a minha! A nossa!
Obrigado pela menção... ;-)